Editoria: Vininha F. Carvalho 10/12/2007
O governo federal anunciou na quinta-feira (dia 6/12) que o desmatamento na Amazônia brasileira caiu pelo terceiro ano consecutivo, desta vez para 11.224 km2 no período 31 de julho 2006 a 1o de agosto de 2007. Este número representa uma redução de 20% em relação à taxa de desmatamento do mesmo período do ano anterior.
“A queda é expressiva porque mantém a tendência verificada nos dois anos anteriores”, afirma Paulo Adario, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace que está em Bali participando da Conferência da ONU sobre mudanças climáticas.
“Mas não vai dar o gostinho que o governo brasileiro esperava ter na boca para falar grosso aqui em Bali. O governo sabe, assim como nós, que o desmatamento mensal voltou a aumentar desde maio, puxado pelo aumento nos preços agrícolas", revela Adario.
Em agosto deste ano, quando confirmou os dados do desmatamento de 2005/2006, o Ministério do Meio Ambiente deixou claro que apostava num recorde histórico para o período seguinte. Falava em um desmatamento anual em torno de 9.600 km2, baseado em estimativas preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Mas o desmatamento real foi mais de 17% maior do que o estimado.
Caso as expectativas do governo federal se confirmassem, teria nas mãos não apenas a menor taxa desde 1998, quando o Inpe começou a monitorar a derrubada das árvores na Amazônia, mas também um argumento forte para enfrentar, em Bali, a pressão para assumir compromissos concretos com metas de redução de emissões resultados do desmatamento.
Confira aqui a proposta do Greenpeace para zerar o desmatamento em florestas tropicais de todo o mundo:
A análise dos dados do Inpe revela que o Pará destruiu 5,569 km2 de florestas no período e se manteve, pelo segundo ano consecutivo, como o campeão do desmatamento. Sozinho, o estado governado por Ana Júlia Carepa foi responsável por 50% do desmatamento de toda a Amazônia brasileira no ano.
Já o Mato Grosso de Blairo Maggi, o grande vilão da floresta e do clima até 2005, apresenta quedas espetaculares (de quase 12 mil km2 em 2004 para 2,4 mil km2 em 2007).Entre 2006 e 2007, a queda na taxa de desmatamento no Mato Grosso foi de 43%.
Nesse período entrou em vigor a moratória no desmatamento para soja, principal grão plantado no estado.A moratória, resultado de uma forte campanha do Greenpeace, tende a ter influenciado esses números positivos para a floresta em 2006/2007.
“Desmatar custa caro”, diz Adario, “e os fazendeiros da soja pensaram várias vezes antes de tomar a decisão de pôr a floresta abaixo, com medo de perder dinheiro nas futuras safras da soja”.
A queda no desmatamento na Amazônia pelo terceiro ano consecutivo demonstra que maior governança, aliada a vetores econômicos favoráveis, atuam em benefício da floresta amazônica, e em conseqüência, do clima do planeta.
“Em vez de bloquear soluções que levem a inclusão das florestas no mandato de Bali, o governo brasileiro deveria aproveitar a grande preocupação da opinião pública com as mudanças climáticas para aprofundar o programa de combate ao desmatamento, fortalecendo medidas estruturantes que permitam, num prazo de sete anos, no máximo, acabar com a destruição da Floresta Amazônica", diz Adario, lembrando que o Brasil está perdendo uma oportunidade histórica de liderar em Bali a busca por um acordo que permita à Convenção do Clima adotar medidas concretas para fortalecer a luta contra o desmatamento em países em desenvolvimento.
"Principalmente nas florestas tropicais, que são responsáveis por cerca de um quinto das emissões globais de gases-estufa", diz o coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace.
"Agora é a hora perfeita para derrotar o dragão do desmatamento. Para isso o governo deve adotar metas e mobilizar a sociedade a apoiá-lo nessa luta. Com metas claras e propostas construtivas, o Brasil teria a credibilidade necessária para levantar o recurso financeiros destinados a compensar os moradores da floresta pelos serviços ambientais que ela presta ao clima e ao meio ambiente."